31.5.05

Buh!

Cataplof.

30.5.05

Uma lâmpada debaixo do travesseiro

Pra pegar fogo na cama não é preciso mais. Fogo de verdade, com chama e cinzas. Sem ser quarta-feira. Nem domingo, nem pastel de feira. Nada. Nem rissole de carne ou coxinha de frango. Nem pinto duro e morto. Nem cabra-cega. Nem surdo. Nem bumbo. Bomba!

Aliás...

Péssima idéia!

Boa idéia

Samples, e sim.

Só um solo de jazz

Fragmentos de mim
e um resto de esperança,
Faculdade de Vandalismo.

29.5.05

Boa noite

Simples, assim.

Feriado

Eu só queria era entender por que todos os meus feriadões acabam às 16h30 do domingo. E depois é só a saudade.

Conto tudo, não escondo nada

Conto o dinheiro e não escondo a senha
Canto o poema e não esquento a cuca
Cento e vinte reais e esqueço os centavos.

25.5.05

Sol 2

Ele fugiu da minha pergunta, não deu as caras.

Mas eu descobri: é a abreviatura de soluço. Porque soluço rima com lágrimas que rima com todo o tipo de saudade. Inclusive daquilo que se não viveu.

Problema de lógica, de ética, de transição, de nadundância

Há um turbilhão de idéias. Mas dói a garganta.
Procuro respostas em lugares errados.
Era uma vez um velhinho doente. Ele morreu.
E aí acabou a história.

24.5.05

Fotograma

Manhã meio feia. Na ponta do lápis, minha língua desfere mais um poema: outra mentira a se somar às tantas que jazem na gaveta mais próxima.

Sol

Queria saber se Sol é a forma abreviada de solitário.
Juro que amanhã cedinho eu pergunto pra ele.

Posto

De gasolina.

Mas posto pra ninguém ouvir. Posto pra fazer disto a caixa-preta de minhas desilusões e soluços. Incurável.

Cor-de-abóbora

Plantei sementes, somente. Quando fui ver já eram doces-de-abóbora. Pena que não gosto.

Joguei aos porcos, poucos. Quando fui ver já estavam assados com maçã na boca. Pena que não posso.

Lancei no quintal a maçã. Macieira imaginária que lá havia indignou-se prontamente: - Mas como ousa? Além de sacrificar meu fruto, ainda tem a coragem de o refutar? Vai comer tudinho... Ah, se vai!

E me botou de castigo.

Preciso não-dormir

A noite é uma das invenções mais belas da humanidade. Com suas areias do tempo congeladas, exibe-nos estrelas estonteantes e, vez em quando é bom, a lua rechonchuda como as bochechas do Papai Noel, só que menos coradas.

Se o natural fosse dormirmos, pra que é que existiria esse pano de fundo negro tão belo? Ah... Os outros que me perdoem, mas eu quero é ser o primeiro plano desta beleza!

Meu travesseiro que fique com as sobras.

Sobre cronópios e famas

Um manual para viver à toa. Dois manuéis para sorrir atéia. Três menudos para cair no atchim!

23.5.05

Casa do Ó

As maluquices meio que loucanizam os olhares. Licores. Laços. Vaga-lumes luciluzindo em todas as esquinas. Um retrato pra alguém nunca mais olhar.

Suéter

Molhado dependurado no varal. Aquele da matemática. Aquele do tempo em que eu era ilusões e me perdia na trigonometria analítica.

Um prendedor, uma bolha de sabão. Dentro da bolha um menino iridescente, sorrindo só no canto da boca, cigarro entre os dedos. Depois ele pára de sorrir. Depois ele sussurra o mais alto que pode, no limite onde o sussurro quase se deita e deixa de ser sussurro pra se tornar gritinho histérico:

- Ahahaha! Eu vou queimar a bolha de sabão com a brasa do cigarro! Ahahaha! Eu vou me libertar daqui! Eu vou me vingar de vocês! Protejam suas filhas, seus viadinhos! Protejam-nas porque eu as projeto!

Fragmento sem juízo

Antônio era antônimo de íntimo. Antigamente. Não por ser anônimo, mas por ser entrega. No óbvio que evitava, avistava a inveja:

- Tão abismada...

22.5.05

Princípios

Neste blog, tudo o que eu não quero é um patrão que não seja eu e um padrão que não seja meu.

Aqui exercerei minha postura autoritária e não me importarei com ordens supremas.
Será meu quarto. Ou melhor: meu banheiro.

Não estou com a mínima vontade de me dirigir ao leitor, por mais presente que ele seja. Abaixo às regras de emissão-recepção. Está provado, por experiência própria, que elas se tratam de permissão-decepção.

Meus princípios são os fins, neles mesmo, deste blog.

Se amanhã eu cansar, fecho de novo.

Aforismo

Errou quem disse que as pessoas são engraçadas. As pessoas são é desgraçadas.

Esquete sem graça

Era dia de semana quando o cinema disse: em cena!

Aí os patos todos desandar a correr rumo ao mar, mas o mar era maior, o mar era de moer!

Então eu acordei e gritei pra todo mundo ouvir bem algo, bem alto: CATACABANA! CATACABANA! CATACABANA!

Incrédito

Custou, mas hoje descobri que a esperança morre de soluço e o sol não nasce de desgosto.

Custou, mas eu paguei.

Egotrip

Passo as tardes desobstruindo os mecanismos criados para auto-satisfação. Depois volto pra casa contando as estrelas que escorregaram e viraram paralelepípedos do caminho. Aí percebo: os caminhos são todos intransigentes mesmo!

Ensaio para uma Oração

Maremoto ou destruição?

Olho para o horizonte e não percebo o que está nem onde.

Liga não. Isto de não ter ninguém no caminho só pode ser uma rede balouçando vazia. O resto se inventa, se vinga, se viceja. Amém.

Loucubrações

Como estão as coisas quando o mar está estranho? As uvas, a chuva, o momento e a água...

A cura nunca há mais, senão a dor pela saudade do que nunca foi direito.

Saudade? Não... Não há cura que destrua o saudosismo. O resto é história. Por enquanto há só a morte das lembranças amargas.

Morrem sim. Junto com a esperança: sensual e etérea vicissitude dos que se afogam nela.
Hoje o dia está assim. Esquálido.

Não há salvação por trás do texto.
Pensando bem: não há salvação na frente também. Não há salvação no nexo, tampouco no contexto. Que é que somos?

Ao espelho

E diga-me, o que fomos ontem se nada estávamos por dentro de agora? Diga-me...

Mente Oca

No silêncio sai o cio nervoso das palavras que hoje não quero escrever. Xô! Assim a sina persegue e a vida segue cega na invirtude efêmera dos não-seres.

Definição

Quando descobri que os seres humanos não vinham com manual de instruções, deitei a cabeça no travesseiro e chorei por mais de duas horas sem parar. Depois voltei a mim e passei a encarar o mundo do jeito que as coisas se me apresentam mesmo.

Quando descobri a inexorabilidade da Lei da Gravidade, primeiro fiquei com raiva, depois fiquei com uma inveja desgraçada desses vereadores celestiais que podem tudo com suas leis que jamais serão revogadas nem sob Medida Provisória.

Quando desperto de meus sonhos, sempre acho que a vida vale menos a pena.
Mas, mesmo assim, continuamos com nossas dúvidas e inquietações. Que são o que nos movem, não é mesmo?

Voltei...

Sou o passado em discussão. Sem nexo, sem obrigatoriedade de salvação, sem senão. Sou o passado estampado na vidraça do vizinho, o poente cravado na montanha de anteontem, a ponte que atravessa o nada para o lugar algum. Sou o vazio.